Um começo atribulado

Meus amigos, tenho uma coisa a declarar: o pânico gerou-se em mim!

Ontem foi o dia da despedida. Uma "multidão" de amigos e família acompanhou-me até ao aeroporto e, como não me podia vir embora sem um último percalço português, a minha mala decidiu tornar-se 8 kg mais pesada do que aquilo que era previsto e aceite (mala de mulher, que cliché). 

Pois bem, depois de uma rápida e improvisada arrumação dos meus pertences pelas malas das companheiras de viagem, seguiu-se uma apressada despedida dos amigos, da mãe e do pai, que me deixou soltar umas boas 50 lágrimas de tristeza. Mas pronto, o desafio assim o exigiu e por isso fui obrigada a erguer a cabeça e seguir com a minha aventura... "erasmus aqui vou eu!".

Chegada a Milão fui apanhar as minhas malas e deparei-me com um cenário terrífico! A minha mala mais pequena tinha sofrido uma pequena mutação e abandonado duas das suas rodas durante a viagem, o que dificultou e muito o meu caminho até ao hotel.

Passadas umas horas de longo sofrimento físico, durante as quais me encaminhei por meios urbanos (comboio e metro) até ao hotel, a minha mala chegou ao destino por arrasto, com muitos maus tratos e um fim anunciado.

Tomamos um banho que soube MARAVILHAS e em seguida pusemos mãos à obra, necessitávamos de uma casa e não havia tempo a perder! Dirigimos-nos à faculdade e fomos visitar uma casa que estava em vista mas sem sucesso. 

Voltamos ao hotel um pouco desanimadas e muito cansadas! E quando pensei que a hora de dormir e esquecer o começo atribulado na nova cidade tinha finalmente chegado, eis que é revelada uma grande surpresa! Uma carta da mãe, escrita antes da minha partida e colocada secretamente na minha pasta do computador. Ai, ai ,ai, ficou o caldo entornado! Mais uma meia hora de choro intensivo que terminou comigo adormecida e estoirada na cama do quarto de hotel.

No dia seguinte, depois de um sono de reparação intensiva, fomos em busca da casa perfeita! Dirigimos-nos à Faculdade e apesar de não termos encontrado nenhuma casa, conhecemos uma italiana de Veneza, estudante na Faculdade de Milão, que nos ofereceu ajuda caso precisássemos.

A tarde foi passada à frente do computador. Navegámos por entre uns mil e tal sites e nada. Entretanto decidimos arriscar e ver se encontrávamos uma cara conhecida que nos pudesse ajudar. Fomos ter com o Vicente, um brasileiro que conheci em Julho com casa em Lambrate. Claro que esta visita foi inesperada para ele, mas simpático convidou-nos a entrar e ajudou-nos a engendrar um plano B. Muito agradecidas ficamos de nos encontrar com ele na 2ª feira com o objectivo de descobrir, finalmente, uma casa para amarmos, cuidarmos e vivermos felizes para sempre!

Retomada à nossa casa provisória, sentei-me na cama, liguei o computador e fiz a primeira chamada no skype para a mãe que já estava morta de saudades (tal como a filhota).

Amanhã não vai haver muito para fazer, é domingo e Milão inteiro fecha para descansar, por isso hoje vou seguir-lhe o exemplo, deitar-me na cama e dormir até ter toda a bateria recarregada! 

Uma boa noite para todos!

With love, from Milano